eu examinei minhas unhas,
e elas cresceram um pouco tortas,
é... eu ando roendo unhas, não todas, não sempre. mas roendo.
às vezes me interessa mais examinar
e roer as unhas
do que conversar ou escrever.
e deus, como ando roendo as unhas, e só roendo,
não sou boa com essas coisas de esmalte e etc
e nem com nenhuma outra coisa.
mas roer as unhas eu sei.
o verso me anda bastante roído também,
poesia que me cresce torta pelos dedos... da vida que eu ando roendo e roendo.
e isso é seriamente um poema sobre o roer das unhas,
porque chega um momento da vida que nada importa mais do que o roer das unhas.
embora não seja nem pouco lirico.
e certamente não é assunto para um poema.
mas o que não seria?
roer as unhas é comprar o pão,
alimentar o gato,
transar na sala,
roer as unhas é ir mal na prova,
apagar o número daquele cara do telefone,
pagar o boleto,
mandar arrumar o ventilador...
roer as unhas é o concreto do tempo que te cresce -torto- pelo dedos,
e se corta nos dentes
e haja dentes
ou tempo
pra se roer.
e é tão divino quanto
fazer café,
ou ler Dostoiévski,.. talvez até mais.
Para um psiquiatra roer unhas é um sintoma, para um psicanalista é uma bengala, e para uma poeta, poesia. E que bela poesia.
ResponderExcluirTão divino, quanto tua singularidade em criar e aproveitar o que a vida oferece e o tempo dá.
ResponderExcluirSaudações!