Às vezes a gente sabe das coisas,
mas não sabe...
É o paradoxo dessa obviedade que nos escapa pelos dedos, que com sorte nos atinge
certeira
feito bala o peito.
Às vezes, a gente sente
para esquecer que sentiu.
Sentir é de uma delicadeza áspera...
Como gato que afia as unhas enquanto fica espreitando na janela.
Espreitando a vida que se finge de tédio,
se refazendo, dia após dia,
fora da janela.
Às vezes, a gente só não sabe... Ponto.
Sem gato e sem janela.
Espreitando a vida para
eternamente
brincar de não precisar saber.
E, com sorte,
quando esquece do óbvio, do gato, janela,
boleto,
esposa, marido,
trabalho, vacina,
angústia depois de etc!
... a gente lembra que sente.
no óbvio,
do gato, da janela,
do boleto,
da esposa, do marido, da vacina, do trabalho,
da angústia depois de etc...
Mas às vezes.
só às vezes.
Mirtes Rodrigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário