domingo, 7 de agosto de 2022

nome próprio

Tenho uma mania quase obsessiva de escrever o meu nome
em qualquer folha que me apareça distraída.

Escrevia nas paredes e carteiras na época da escola, cadernos, borrachas, etc.

Uma tentativa, quase desesperada,
de encontrar significado dentro
dessa coisa que me acompahou desde o nascimento...

Mas não é realmente do meu nome que eu tô falando...

Lembro de rabiscar um sol na estante de madeira dos meus avós
quando não sabia escrever nada além disso.

Era o mesmo princípio,
Que se transformou mais tarde na obsessão pela grafia do meu nome.

Transfigurada a forma,
Para me fazer caber no que me imaginava inventar,

Silêncio (com acento)
Sol,
Solidão,
Mar,
Tempo,
Verso,
Hora,
Janela, porta, peito e vento...

Riso,
Choro,
Amor,
Vazio,
Tédio, estrelado, encontro, perdido...

Toda minha poesia não é
nada mais,
nem  nada menos
que uma tentativa falha-
Só poderia mesmo ser na falha-

De resolver o nó que me atou à vida logo no choro.

Meu poema mais honesto morou
por cinco minutos,
desenhado de sol amarelo,
na estante de madeira dos meus avós.

(Aprendi meu nome de verdade ali)


Mirtes Rodrigues S. Sales,
Agosto 2022

Nenhum comentário:

Postar um comentário