Eu queria me concentrar na leitura do Otelo,
nas provas,
na gata que dorme no tapete...
Qualquer coisa que me fosse menos insipida e morna que essa hora.
Mas nada me cabe que não seja espera e saudade.
Eu tenho
espiado a vida pela fresta da janela,
e toda a luz que entra,
me enche os
olhos e a sala,
me escapa dos dedos
esparrama inteira a alma
esparrama inteira a alma
entre as bordas
do teto
ao
chão.
Viver tem sido um exercício de empilhar
os silêncios
pelos cantos de mim,
etiquetar os fracassos
e guardar os recibos das neuroses
na gaveta do criado mudo.
Eu mesma, se pudesse,
me dobraria toda
entre as meias e as camisetas da gaveta,
até as traças corroerem todo tecido de tempo.
Meu bem, faz meses que não escrevo
nada que não seja tédio
e porcaria acadêmica.
Tem qualquer coisa que faz toda essa inutilidade
parecer bem reluzente, mas só parecer...
Honestamente?
É um saco. E, é só isso.
A falta que me faz
o castanho dos teus olhos,
as pausas e o calor na sua voz... Tem muito mais contorno e claridade.
Tudo que é seu, e ainda me transborda...
E também é um saco. Só podia ser um saco.
M.
ResponderExcluir( ou como Mirtes, é uma mulher poetiza e maravilhosa)
Honestamente, amo essas leis que brotam da tua boca.
Me agradaria beijar teus lábios, porque teus lábios são desses que a gente não esquece mais.
Boas festas!
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