corrigindo: cartas para lembrar de olhar a janela
minha garganta inflamou,
eu tive febre dois dias seguidos,
um mal-estar pelo corpo...
na parede,
as minhas pinturas,
coladas com fita crepe barata,
estão descolando e caindo.
e eu já esgotei todos os áudios,
vídeos, textos e poemas
que falam sobre como adiar o fim do mundo...
e ele continua ali,
na espreita.
o fim do mundo?
não cara,
o mundo mesmo.
toda a possibilidade do mundo.
na espreita.
feito o gato que ficava na frente da casa,
esperando uma porta se abrir para entrar.
quando ela finalmente se abriu,
ele não fez cerimônia,
só entrou e se jogou no tapete.
como se conhecesse
aquele tapete
a vida inteira...
talvez conhecesse mesmo.
isso me assusta.
o gato?
não cara,
você não me ouve...
toda a possibilidade do mundo,
ali,
a uma janela de distância
nem dentro,
nem fora.
mas ali,
inteiro,
espesso,
doce,
dolorido,
com as respectivas dores de garganta,
com toda e nenhuma futilidade,
sem razão,
sentido...
e
sem volta.
na janela.
toda a possibilidade do mundo!
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