se nada me acontece
o que me resta para escrever,
se não,
o espesso
dessa coisa nenhuma?
me quebra em duas,
três ou até quatro
partes
de nada - que também sou eu.
despedaça o relógio,
me transborda os silêncios.
me devora a folha em branco,
me cospe fora
incerto e cafona
o verso...
se não pode escrever sobre nada,
não pode escrever.
e, é só isso.
cheira,
toca,
mastiga,
devora.
cospe fora:
silencio.
os ponteiros seguem o curso,
lá fora,
as caixas registradoras
trabalham,
muito melhor que você.
mas eles são poemas enlatados,
você não pode ser um poema enlatado,
por pior poeta/
pessoa,
que você seja.
enlatado não!
shiu! fez barulho demais agora...
acabou o poema.
Que apoteose, hein!
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